Ano: 2024

Replantando Vida

COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS

Categoria: Processos

Aspectos Gerais da Prática:

A CEDAE, empresa responsável pela captação de água bruta nos mananciais e tratamento da água no Estado do Rio de Janeiro, vem revolucionando seu método produtivo, estendendo suas ações para além das estações de tratamento (ETA) e investindo em tecnologias sociais e soluções baseadas na natureza direcionadas à preservação, restauração e proteção de suas Bacias Hidrográficas, através da sua estratégia ESG, sobretudo, o seu maior e premiado programa socioambiental, o Replantando Vida, que operacionaliza as ações de reflorestamento da Companhia há mais de 20 anos.
Tais iniciativas atuam no fortalecimento da infraestrutura verde dos mananciais para melhorar a qualidade da água bruta que chega até as captações. O programa Replantando Vida ainda emprega, capacita e remunera pessoas em situação de cumprimento de pena privativa de liberdade oriundas do sistema prisional do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para o processo de ressocialização, remição da pena e redução da reincidência criminal.
O Programa utiliza as atividades da cadeia produtiva da restauração florestal como uma ferramenta de ressocialização. Os apenados recebem oportunidade de trabalho e são capacitados e remunerados, com os benefícios trabalhistas e sociais previstos para pessoas privadas de liberdade, para atuarem desde a coleta de sementes e produção das mudas até o plantio, manutenção e monitoramento das áreas verdes em restauração.
O trabalho desempenhado pelas equipes de mão de obra prisional, vinculadas ao Replantando Vida, em uma das empresas estatais mais valorizadas do estado do Rio de Janeiro não significa apenas uma oportunidade laboral, vai além, pois propicia uma mudança significativa na vida destas pessoas, que passam a ter uma rotina produtiva durante o cumprimento da pena, seja dentro das unidades prisionais, produzindo as mudas florestais nos viveiros construídos pela CEDAE dentro dos presídios, ou extramuros nas atividades de plantio e manutenção das áreas verdes elegidas pelo programa.
Os apenados que participam do Replantando Vida recebem um salário-mínimo nacional, auxílio transporte e alimentação, e, ainda, o direito garantido pela Lei de Execução Penal de redução de um dia de pena a cada três dias de trabalho comprovado. Ademais, todos os inscritos no programa são capacitados e treinados diariamente em atividades de plantio, construção, reparação, manutenção, serviços gerais, entre outras atividades de interesse público da CEDAE, como produção de uniformes e acessórios de vestuário para os empregados da Companhia, em benefício financeiro à empresa e finalístico à população fluminense.
As ações do Replantando Vida representam uma inovação em sustentabilidade de processos, pois se caracterizam como uma tecnologia social e soluções baseadas na natureza e executadas pela força do homem para contribuir, racionalizar e reduzir custos de médio a longo prazo no processo de tratamento da água bruta, visto que, recuperando e preservando os mananciais e as Bacias Hidrográficas, o programa Replantando Vida gera integração da infraestrutura convencional (estações de tratamento) com a infraestrutura verde (florestas), aumentando a eficiência e resiliência dos recursos hídricos e contribuindo para a gestão sustentável da água.
Durante décadas, o tratamento da água no Brasil foi focado apenas dentro dos muros das estações mediante processos físicos e utilização de produtos químicos para garantir uma água de qualidade para o consumo humano. No entanto, diante da degradação dos mananciais, da fragilização dos corpos hídricos e dos eventos extremos climáticos cada vez mais frequentes, tornam-se necessárias medidas de proteção e recuperação dos corpos hídricos para aumentar a segurança e sustentabilidade na gestão das águas.
Sendo assim, a CEDAE vem investindo em ações de restauração florestal nas áreas de interesse hídrico dos principais mananciais do estado e aumentando esforços para agir sobre a causa (degradação da bacia), e não apenas tratando os sintomas (turbidez da água). Ao integrar a ressocialização de apenados a estas ações de restauração, o Replantando Vida traz uma nova ótica para essa área, contribuindo para que estas pessoas possam ter um recomeço digno e uma nova profissão.
A Companhia, ao longo dos anos, enraizou uma cultura florestal dentro da sua estrutura e, através da participação dos apenados somado a uma equipe técnica especializada, verticalizou as atividades da cadeia produtiva da restauração florestal. A CEDAE, através do Replantando Vida, atua desde a seleção e capacitação dos apenados, coleta de sementes, formulação de substratos, produção de mudas, plantio, manutenção e monitoramento das áreas reflorestadas.
Através do Replantando Vida, a CEDAE possui sete viveiros de produção de mudas nativas da Mata Atlântica, todos operados por apenados do sistema prisional e estabeleceu cinco bases florestais, distribuídas no estado do Rio de Janeiro, que são responsáveis pelas ações de proteção dos principais mananciais de suporte à segurança hídrica, sendo eles: Rio Paraíba do Sul, Rio Guandu, Rio Macacu, Rio Pomba e Rio Muriaé.
Através das ações de restauração florestal, a CEDAE busca, cada vez mais, investir no fortalecimento da infraestrutura verde das Bacias Hidrográficas e preparar estes mananciais para produzirem água mais límpida, de qualidade, reduzindo, ao longo do tempo, os custos operacionais do tratamento e, consequentemente, o manejo de produtos químicos nas suas nas estações de tratamento.
Nosso lema é: Quem planta floresta, colhe água!

Relevância para o Negócio:

O Programa Replantando Vida é crucial para o negócio da CEDAE por ser um investimento direto em segurança hídrica a médio e longo prazo, uma vez que as ações de restauração são focadas no fortalecimento da infraestrutura verde das bacias hidrográficas, em áreas prioritárias para melhoria da qualidade da água captada, o que, ao longo do tempo, irá reduzir custos operacionais, reduzir o uso de produtos químicos, promover maior resiliência destas bacias frente aos extremos climáticos e assegurar maior disponibilidade e perenidade dos mananciais.
As florestas restauradas pelo programa, principalmente nas áreas ciliares e zonas de recarga de nascentes, melhoram a infiltração da água das chuvas, atuam como filtros naturais, removendo sedimentos, nutrientes e poluentes antes que esses alcancem os corpos hídricos. Ao longo do tempo, isso melhora significativamente a qualidade da água captada, facilitando o tratamento e garantindo maior disponibilidade e melhor qualidade.
Com a água de melhor qualidade na captação, a CEDAE poderá reduzir o gasto energético e uso de produtos químicos necessários para o processo produtivo, resultando em menores custos operacionais. Além disso, a redução de sedimentos chegando aos corpos hídricos diminui a turbidez da água captada, minimizando a necessidade de manutenção de infraestruturas, prolongando a vida útil dos equipamentos e reduzindo os custos de operação. As florestas são aliadas importantes na estratégia de melhoria da resiliência das bacias hidrográficas frente aos extremos climáticos, ajudando a manter fluxos constantes de água durante períodos de seca e reduzindo os impactos de eventos extremos. Como grande parte das áreas restauradas são em pequenas propriedades rurais privadas, o programa fortalece também o vínculo entre a CEDAE e a população, promovendo um senso de responsabilidade compartilhada sobre a bacia e apoio às iniciativas de proteção e conservação pelo agronegócio.
Além disso, ao empregar, capacitar e remunerar apenados do sistema prisional para atuarem nas ações de restauração florestal, o Replantando Vida promove a reintegração social produtiva destas pessoas à sociedade, contribuindo para a redução das taxas de reincidência criminal. De forma geral, o Replantando Vida contribui para a construção de uma imagem positiva da CEDAE como uma empresa atuante, inovadora, com responsabilidade socioambiental, o que aumenta a confiança dos investidores e o apoio dos stakeholders.

Aspectos Inovadores Relacionados a Prática:

O Programa Replantando Vida se diferencia das práticas usuais de mercado por integrar soluções baseadas na natureza e oportunidade de trabalho, capacitação e geração de renda para pessoas em cumprimento de pena. Normalmente, as empresas de saneamento estão focadas apenas nas estações de tratamento da água, ou seja, tratam apenas os sintomas de uma bacia hidrográfica doente.
A CEDAE entendeu que, para melhorar a qualidade da água que chega até a estação, precisa investir na saúde da Bacia Hidrográfica, com ações de restauração florestal que fortaleçam a infraestrutura verde e melhorem os serviços ecossistêmicos gerados, isto porque a cobertura vegetal evita que os solos ciliares fiquem degradados, reduz a erosão causada pelo vento e pela água, ajuda na infiltração de água no solo mantendo os fluxos de água mais limpos e constantes nos rios. Já as raízes das árvores filtram a água da chuva e removem sedimentos e poluentes evitando a contaminação dos corpos hídricos. Ou seja, o Replantando Vida promove barreiras naturais que protegem os mananciais de importância hídrica para o Rio de Janeiro.
Para integrar a restauração florestal e ressocialização, a CEDAE desenvolveu uma metodologia pioneira de utilização de mão de obra prisional para fins de preservação do meio ambiente, implantando bases florestais dentro das unidades prisionais do estado do Rio de Janeiro, gerando oportunidades dentro e fora dos muros da prisão nas ações de reflorestamento e nos serviços gerais e diversos em benefício da Companhia.
A estratégia da CEDAE não é apenas empregar, capacitar e remunerar os apenados para atuarem na restauração florestal, é revolucionar a forma como se entende o trabalho prisional e a restauração florestal. Embora o Rio de Janeiro possua a terceira maior população carcerária do país, com quase 50.000 presos (TJ-RJ, 2020), o estado ocupa a última posição no ranking do trabalho prisional com apenas 1,98% dos presos desenvolvendo alguma atividade laboral (DEPEN, 2020).
Vale ressaltar, ainda, que muitos dos presos que trabalham dentro das unidades prisionais, nem sequer, recebem a remuneração pelo serviço prestado. A metodologia desenvolvida pela CEDAE propõe uma visão produtiva e humanizada para o trabalho no sistema prisional. Para isso, a CEDAE investiu na construção de dois viveiros florestais dentro de unidades prisionais, onde os internos assistem aulas no curso de formação em produção de mudas florestais e ficam prontos para as ações de reflorestamento, desde a germinação das sementes até a expedição das mudas e plantio.
Enquanto os presos do regime fechado trabalham na produção das mudas intramuros, aqueles em regime semiaberto e que possuem o benefício do trabalho extramuros saem diariamente da unidade prisional e atuam nas ações de plantio, manutenção e monitoramento das áreas verdes em processo de restauração.
Partindo-se para uma abordagem humanizada e de promoção do bem-estar, as bases florestais vão muito além da geração de trabalho e renda aos apenados, elas transformam o ambiente prisional. As cadeias são, em sua maioria, espaços cinzentos, fechados e com poucas oportunidades para os detentos, cujos ambientes perpetuam um ciclo de desesperança, isolamento e falta de perspectiva para aqueles que estão em cumprimento de pena.
Ao integrar a restauração florestal com a ressocialização dos apenados, o Replantando Vida traz um respiro de ar fresco, vida nova e verde, semeando e florescendo o ambiente prisional em uma atividade de cuidado do nosso planeta. O trabalho nos viveiros florestais nos presídios possibilita aos apenados saírem de suas celas e trabalharem ao ar livre, em contato direto com a natureza e, sobretudo, produzindo novas árvores e florestas. Esse contato com o ambiente natural não apenas melhora o bem-estar físico e mental dos internos, mas também os conecta com um propósito maior: a restauração da natureza e de suas biografias.
A utilização de mão de obra prisional para atividades de restauração florestal é uma abordagem inovadora que promove a ressocialização de presidiários enquanto contribui para a conservação ambiental. Esta prática transforma uma população que estava esquecida dentro das unidades prisionais em agentes valiosos, que atuam em prol de toda a nossa sociedade.
Nos aspectos da inovação da prática, o Replantando Vida adota a restauração de áreas verdes estratégicas em benefício dos mananciais, como mecanismo de melhoria do processo produtivo da água, prezando por abundância e qualidade. Ao focar na restauração florestal para proteção das Bacias Hidrográficas, o Replantando Vida vai além das práticas convencionais que geralmente se concentram apenas em tecnologias de tratamento de água, ou seja, atuam apenas na consequência da degradação, e não na causa em si.
Ao melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas, o programa reduz a carga de sedimentos e poluentes que chega às estações de tratamento, diminuindo a necessidade de produtos químicos e a frequência de manutenção, resultando em uma operação mais eficiente e econômica. O programa promove a participação das comunidades locais e estabelece parcerias com diversas instituições, o que amplia o alcance e o impacto das ações de restauração, a partir do envolvimento das comunidades em prol da conscientização ambiental.

Contribuição da Prática para o Desempenho da Empresa:

A CEDAE, empresa responsável pela captação de água bruta nos mananciais e tratamento da água no Estado do Rio de Janeiro, vem revolucionando seu método produtivo, estendendo suas ações para além das estações de tratamento (ETA) e investindo em tecnologias sociais e soluções baseadas na natureza direcionadas à preservação, restauração e proteção de suas Bacias Hidrográficas, através da sua estratégia ESG, sobretudo, o seu maior e premiado programa socioambiental, o Replantando Vida, que operacionaliza as ações de reflorestamento da Companhia há mais de 20 anos.
Tais iniciativas atuam no fortalecimento da infraestrutura verde dos mananciais para melhorar a qualidade da água bruta que chega até as captações. O programa Replantando Vida ainda emprega, capacita e remunera pessoas em situação de cumprimento de pena privativa de liberdade oriundas do sistema prisional do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para o processo de ressocialização, remição da pena e redução da reincidência criminal.
O Programa utiliza as atividades da cadeia produtiva da restauração florestal como uma ferramenta de ressocialização. Os apenados recebem oportunidade de trabalho e são capacitados e remunerados, com os benefícios trabalhistas e sociais previstos para pessoas privadas de liberdade, para atuarem desde a coleta de sementes e produção das mudas até o plantio, manutenção e monitoramento das áreas verdes em restauração.
O trabalho desempenhado pelas equipes de mão de obra prisional, vinculadas ao Replantando Vida, em uma das empresas estatais mais valorizadas do estado do Rio de Janeiro não significa apenas uma oportunidade laboral, vai além, pois propicia uma mudança significativa na vida destas pessoas, que passam a ter uma rotina produtiva durante o cumprimento da pena, seja dentro das unidades prisionais, produzindo as mudas florestais nos viveiros construídos pela CEDAE dentro dos presídios, ou extramuros nas atividades de plantio e manutenção das áreas verdes elegidas pelo programa.
Os apenados que participam do Replantando Vida recebem um salário-mínimo nacional, auxílio transporte e alimentação, e, ainda, o direito garantido pela Lei de Execução Penal de redução de um dia de pena a cada três dias de trabalho comprovado. Ademais, todos os inscritos no programa são capacitados e treinados diariamente em atividades de plantio, construção, reparação, manutenção, serviços gerais, entre outras atividades de interesse público da CEDAE, como produção de uniformes e acessórios de vestuário para os empregados da Companhia, em benefício financeiro à empresa e finalístico à população fluminense.
As ações do Replantando Vida representam uma inovação em sustentabilidade de processos, pois se caracterizam como uma tecnologia social e soluções baseadas na natureza e executadas pela força do homem para contribuir, racionalizar e reduzir custos de médio a longo prazo no processo de tratamento da água bruta, visto que, recuperando e preservando os mananciais e as Bacias Hidrográficas, o programa Replantando Vida gera integração da infraestrutura convencional (estações de tratamento) com a infraestrutura verde (florestas), aumentando a eficiência e resiliência dos recursos hídricos e contribuindo para a gestão sustentável da água.
Durante décadas, o tratamento da água no Brasil foi focado apenas dentro dos muros das estações mediante processos físicos e utilização de produtos químicos para garantir uma água de qualidade para o consumo humano. No entanto, diante da degradação dos mananciais, da fragilização dos corpos hídricos e dos eventos extremos climáticos cada vez mais frequentes, tornam-se necessárias medidas de proteção e recuperação dos corpos hídricos para aumentar a segurança e sustentabilidade na gestão das águas.
Sendo assim, a CEDAE vem investindo em ações de restauração florestal nas áreas de interesse hídrico dos principais mananciais do estado e aumentando esforços para agir sobre a causa (degradação da bacia), e não apenas tratando os sintomas (turbidez da água). Ao integrar a ressocialização de apenados a estas ações de restauração, o Replantando Vida traz uma nova ótica para essa área, contribuindo para que estas pessoas possam ter um recomeço digno e uma nova profissão.
A Companhia, ao longo dos anos, enraizou uma cultura florestal dentro da sua estrutura e, através da participação dos apenados somado a uma equipe técnica especializada, verticalizou as atividades da cadeia produtiva da restauração florestal. A CEDAE, através do Replantando Vida, atua desde a seleção e capacitação dos apenados, coleta de sementes, formulação de substratos, produção de mudas, plantio, manutenção e monitoramento das áreas reflorestadas.
Através do Replantando Vida, a CEDAE possui sete viveiros de produção de mudas nativas da Mata Atlântica, todos operados por apenados do sistema prisional e estabeleceu cinco bases florestais, distribuídas no estado do Rio de Janeiro, que são responsáveis pelas ações de proteção dos principais mananciais de suporte à segurança hídrica, sendo eles: Rio Paraíba do Sul, Rio Guandu, Rio Macacu, Rio Pomba e Rio Muriaé.
Através das ações de restauração florestal, a CEDAE busca, cada vez mais, investir no fortalecimento da infraestrutura verde das Bacias Hidrográficas e preparar estes mananciais para produzirem água mais límpida, de qualidade, reduzindo, ao longo do tempo, os custos operacionais do tratamento e, consequentemente, o manejo de produtos químicos nas suas nas estações de tratamento.
Nosso lema é: Quem planta floresta, colhe água!

Resultados Sociais e Ambientais Obtidos com a Prática:

Em um artigo publicado na revista científica Restoration Ecology (Replanting Life: Ecology and Human Restoration – Abreu et al., 2021), pesquisadores da CEDAE e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro traçaram o perfil socioeconômico dos apenados que trabalham na Companhia. O artigo revelou que o salário recebido pelo trabalho desempenhado no Replantando Vida representava, em média, 57% da renda fixa familiar mensal dos apenados.
O fato desta contribuição ser alta coloca o trabalho do apenado como a principal fonte de renda fixa de muitas famílias, o que ajuda muito na reconquista da dignidade no seu meio social e familiar. De forma geral, o Replantando Vida tem trazido perspectivas positivas para as pessoas durante o cumprimento da pena, contribuindo para seu retorno ao convívio social de forma digna, gerando renda, o que contribui para que eles não reincidam novamente no crime. Este mesmo artigo revelou uma redução significativa nas taxas de reincidência criminal entre os presos participantes do programa, destacando o impacto positivo da combinação de trabalho, treinamento e inclusão social na reabilitação de presidiários.
O trabalho em uma grande Companhia de saneamento pode ir além de meramente empregar o apenado, podendo propiciar uma mudança significativa na vida destas pessoas, que passam a ter uma rotina produtiva, respeitando regras e horários, melhoram a auto estima, aprendem a trabalhar em grupo nas atividades diárias, desenvolvem paciência ao executarem trabalhos manuais, aprendem a trabalhar dentro de uma hierarquia, desenvolvem responsabilidades sobre as tarefas que executam, e ainda melhoraram as perspectivas futuras pós cárcere.
Ao analisar a percepção dos apenados sobre as mudanças que ocorreram em suas vidas após começarem a trabalhar na CEDAE, os mesmos pesquisadores observaram que o senso de responsabilidade foi a modificação mais percebida pelos entrevistados em sua pesquisa. Estes apenados também alegaram se sentir mais capacitados, o que pode ser um reflexo da capacitação a qual eles tiveram acesso, em conjunto com a experiência adquirida por estarem trabalhando e aprendendo novas profissões.
De certa forma, alguns dos benefícios percebidos pelos presidiários estão correlacionados entre si, por exemplo, ao estar trabalhando e gerando renda, há uma melhora no relacionamento familiar e social, o que contribui para aumentar a sua autoestima e ter melhores perspectivas de vida para o futuro. A melhora na autoestima e o fato de se sentir mais capacitado, contribui também para melhorar a capacidade de comunicação dos presidiários com outras pessoas.
A melhora da disposição física e da saúde também foi percebida e pode estar relacionada com a mudança de rotina e maior contato com o ambiente externo. Vale ressaltar que todos os apenados entrevistados perceberam, pelo menos, uma mudança significativa em sua vida após começar a trabalhar no Replantando Vida.
Por outro lado, a taxa de sucesso dos programas que envolvem a ressocialização de presidiários não é totalmente inesperada. Ambientes penitenciários são frequentemente sombrios, caóticos, superlotados, isolados e sem oportunidades de crescimento profissional e intelectual. A realização de uma atividade por parte do apenado, desde que orientada de acordo com a sua aptidão e capacidade, propicia ao mesmo a sua valorização enquanto ser humano e a concretização de sua dignidade.
Além disso, tal atividade possibilita que a pessoa se prepare para a sua vida futura fora do estabelecimento penitenciário, como cidadão capaz de colaborar com a sociedade da qual foi retirado. Tudo isso é evidenciado no dia a dia de trabalho dentro da CEDAE.
Nos últimos anos, os viveiros florestais da CEDAE, vinculados ao Replantando Vida, produziram mais de 2 milhões de mudas florestais, com uma diversidade de 254 espécies nativas da Mata Atlântica, destinadas aos plantios de restauração florestal e às ações de educação ambiental em todo o estado do Rio de Janeiro.
A Companhia mantém o plantio de mudas em áreas prioritárias, como nascentes e matas ciliares, fundamentais para a proteção dos mananciais de abastecimento público. O programa contribui para a conservação da biodiversidade ao produzir e plantar mudas de 40 espécies nativas que possuem algum risco de extinção. Além disso, as novas áreas restauradas criam habitats para a fauna local e fortalece os ecossistemas, estabelece corredores ecológicos que facilitam o movimento de espécies e a conectividade entre fragmentos florestais, beneficiando a fauna e flora locais.
As áreas florestais restauradas atuam como filtros naturais, removendo sedimentos, nutrientes e poluentes antes que estes alcancem os cursos d’água, resultando em uma melhoria significativa na qualidade da água captada para tratamento. Os plantios protegem ainda contra a carga de nutrientes levadas por arraste superficial, que causam risco de eutrofização dos corpos d’água.
Vale ressaltar, ainda, que todas as mudas produzidas pela CEDAE utilizam resíduos sólidos urbanos como substrato. A CEDAE, através de pesquisas científicas, desenvolveu um substrato a base de lodo de esgoto e compostagem de lixo urbano, capaz de gerar mudas de qualidade com menor necessidade de fertilizantes minerais, contribuindo, ao final, para o descarte sustentável e reciclável do resíduo do tratamento do esgoto, dando função social a esse poluente.

Gestão da Prática Relatada:

Para evidenciar o envolvimento da direção da CEDAE com o Programa Replantando Vida, é importante destacar os pontos-chave que demonstram o comprometimento institucional e estratégico da empresa com a iniciativa. O primeiro ponto refere-se à longevidade do programa, que foi criado ainda em 2001, com o foco no emprego da mão de obra prisional nas atividades da empresa, e que, desde 2008, possui a vertente ambiental focada na restauração dos mananciais de abastecimento público.
Desde o início, o Replantando Vida vem crescendo e sendo aprimorado, demonstrando um compromisso de longo prazo com a restauração ambiental e a inclusão social, passando por diferentes administrações da Empresa. Em 2024, diante dos crescentes compromissos ambientais firmados pela empresa, a CEDAE criou a Gerência de Restauração Ambiental especificamente para gerenciar as ações de proteção dos mananciais, e que conta com uma estrutura interna para a execução dos compromissos ambientais, incluindo equipes especializadas e processos internos que facilitam a implementação eficaz do programa.
Vale ressaltar que todos os funcionários do Programa Replantando Vida são concursados da empresa, o que garante continuidade, memória institucional e uma dedicação a longo prazo para os objetivos do programa. Isso também assegura que o conhecimento e a experiência acumulados sejam preservados e utilizados para melhorar continuamente o programa.
A CEDAE estabeleceu metas estratégicas para o programa, com um planejamento a longo prazo que orienta as ações e investimentos necessários. Isso reflete um compromisso sustentável e visionário com a restauração ambiental e a melhoria da qualidade da água. O programa é executado sob a supervisão direta da Superintendência Executiva de Governança Socioambiental da Companhia, vinculada diretamente à Diretoria da Presidência, o que evidencia o prestígio, apoio e o envolvimento da alta administração. Este nível de supervisão garante que o programa receba a atenção necessária para seu sucesso contínuo.

Possibilidade de Disseminação ou Replicação:

A disseminação de Programas como o Replantando Vida, não é apenas viável, mas altamente necessária. Este modelo de trabalho pode ser empregado em outros setores do Estado, tendo em vista o quanto ainda precisamos evoluir no trabalho prisional, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil.
Além disso, qualquer empresa, seja ela pública ou privada, pode reproduzir o trabalho que vem sendo desenvolvido, exemplo disso, são as concessionárias que estão assumindo o saneamento no Rio de Janeiro e que vem adotando em pequena escala este modelo em seus negócios, trazendo benefícios sociais e econômicos.
A experiência e a vanguarda da CEDAE no trabalho com a mão de obra prisional, que já ocorre desde 2001, vem sendo utilizada ao longo do tempo como estudo de caso para criação de políticas públicas que reduzam os custos econômicos e humanos dos presídios e inspiração para que outras empresas públicas ou privadas invistam nesta mão de obra.
O Replantando Vida, com seu foco na restauração florestal e uso de mão de obra prisional, oferece um modelo inovador e eficaz que pode ser replicado em outras realidades globais. A criação de viveiros de mudas florestais dentro de unidades prisionais é uma parte central do programa. Os presos em regime fechado podem trabalhar na produção de mudas, gerando renda e se capacitando enquanto cumprem suas penas. Já aqueles em regime semiaberto podem participar de atividades externas de plantio e manutenção, mas também poderiam estar atuando em indústrias, na reforma de aparelhos públicos, na manutenção de unidades de conservação, na agricultura e muitas outras áreas que demandam mão de obra.
O modelo criado pelo Replantando Vida pode ser replicado para outras realidades ou situações, adaptando suas estratégias e metodologias conforme o contexto local. O modelo pode ser implementado em outras unidades prisionais em diferentes estados do Brasil, adaptando as especificidades regionais e legislativas.
Até mesmo países com contextos prisionais semelhantes podem adaptar o programa para suas realidades, ajustando as práticas conforme a legislação e as condições socioeconômicas locais. A metodologia de capacitação, emprego e remuneração que vem sendo empregada com apenados do sistema prisional pode facilmente ser adaptada para populações vulneráveis em áreas rurais e periurbanas, utilizando a restauração florestal como uma ferramenta para inclusão social e desenvolvimento econômico.
Além dos apenados, o modelo pode ser adaptado para reabilitar outros grupos vulneráveis, como dependentes químicos em recuperação, pessoas em situação de rua ou jovens em conflito com a lei, utilizando a restauração florestal como uma ferramenta terapêutica e de reintegração social.