Ano: 2024

Projetos de P&D com foco em mobilidade elétrica

CPFL ENERGIA S.A.

Categoria: Processos

Aspectos Gerais da Prática:

A CPFL Energia mantém a sustentabilidade no cerne de sua estratégia e busca aliar o crescimento dos negócios à geração de valor compartilhado com a sociedade e o meio ambiente. Atenta às tendências e transformações do setor elétrico no Brasil e no mundo, a companhia se comprometeu a impulsionar a transição para uma forma mais sustentável, segura e inteligente de fornecer e de utilizar energia. A inovação, por sua vez, também é elemento intrínseco à estratégia e auxilia a companhia a maximizar os seus impactos positivos.
A CPFL encerrou 2023 com 99,63% do volume de energia gerado proveniente de fontes renováveis – usinas hidrelétricas e de biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), complexos eólicos e planta solar. Indo além de sua própria operação, a companhia também vem atuando em prol da mobilidade elétrica, compreendendo a descarbonização do setor de transportes como componente fundamental para o enfrentamento das mudanças climáticas. Ainda que as atividades com maior participação nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil sejam as relacionadas às mudanças de uso da terra e florestas (em linhas gerais, desmatamento) e à agropecuária, a categoria transportes, que abrange os modais rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo, não deve ser desconsiderada. Sozinha, ela representou 9,3% do total de emissões do país em 2022, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima. Ao todo, 2,3 bilhões de toneladas de CO2e foram emitidas no território brasileiro em 2022, das quais 216,9 milhões eram provenientes das atividades de transportes. De 2021 para 2022, as emissões decorrentes dos transportes cresceram cerca de 6%. A descarbonização no setor enfrenta, no entanto, alguns desafios: não basta apenas impulsionar a comercialização de veículos elétricos, é preciso investir em infraestrutura adequada – instalação de pontos de recarga nas cidades e rodovias seguros e em quantidade suficiente –, e no desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores especializada para realizar a manutenção desses modelos no pós-venda. Outro desafio está ligado aos impactos ambientais das baterias de íons-lítio dos veículos elétricos, desde a extração do minério até o descarte na etapa pós-consumo.
A mobilidade elétrica é um dos temas considerados no Plano ESG 2030 da CPFL, conjunto de metas ambientais, sociais e de governança lançado em 2022, e no roadmap tecnológico, que engloba 11 tendências que impactarão o setor elétrico nos próximos anos e direciona as tomadas de decisão em inovação na companhia. O assunto é alvo de estudos na CPFL há quase duas décadas, atestando o pioneirismo da companhia nessa frente, e ganhou ainda mais força após a divulgação, em novembro de 2018, da Chamada de Projetos de P&D Estratégico nº 22, do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desenhada exclusivamente para fomentar o desenvolvimento de soluções em mobilidade elétrica no país. Como estabelecido pela lei nº 9.991/2000, o programa da Aneel estipula que as empresas de geração, transmissão e distribuição aportem, anualmente, um percentual mínimo de suas receitas operacionais líquidas em projetos de inovação. Inspirados pela chamada pública, a CPFL estruturou quatro iniciativas de P&D voltadas à eletrificação, que começaram a ser implementadas em 2019.
O primeiro projeto deu origem ao “Laboratório de Mobilidade Elétrica: Eletrificação de Frotas Operacionais”, na cidade de Indaiatuba (SP), criado para testar a aplicabilidade do uso de veículos elétricos na operação de uma distribuidora de energia, que atende diferentes demandas dos consumidores das zonas urbana e rural. Houve a eletrificação de 100% da frota da unidade, um total de 21 veículos, dos quais nove eram veículos pesados.
No segundo, a CPFL idealizou um ecossistema batizado de Plataforma de Mobilidade, que busca aprimorar a infraestrutura voltada à mobilidade elétrica nas cidades e verificar como diversos modelos de negócio podem ser impactados pela eletrificação e como ela pode suscitar a estruturação de novos modelos de negócio. Foram instalados nove eletropostos em Campinas (SP), que entraram em operação em 2023, e adquiridos e disponibilizados a motoristas de aplicativo e a duas empresas parceiras mais de 50 veículos elétricos. Em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), também foram desenvolvidos uma plataforma analítica, que registra e monitora os diferentes dados gerados pelo ecossistema, e um aplicativo para a operação dos eletropostos e o pagamento digital das recargas. Já a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atuou no desenvolvimento de dois algoritmos. O primeiro cruza informações socioeconômicas, de extensão da rede elétrica e de trânsito para indicar as regiões mais adequadas para a instalação dos eletropostos; o segundo foi concebido para realizar a gestão inteligente dos recursos energéticos que podem fazer parte de uma estação de recarga (geradores, placas solares, sistemas de armazenamento de energia com baterias e os próprios eletropostos), visando a otimização do uso de energia.
No terceiro projeto, também em Campinas, foi desenvolvido e instalado um Eletroposto Sustentável. Painéis fotovoltaicos e um sistema de armazenamento de energia com baterias garantem a energia necessária para o carregamento rápido dos veículos, reduzindo, assim, o impacto do eletroposto na rede elétrica, e promovendo o uso de energia renovável para transportes.
A quarta e última iniciativa, também em parceria com o CPQD, recebeu o nome de Segunda Vida de Baterias e consistiu em um estudo de viabilidade do recondicionamento e remanufatura de baterias provenientes de veículos elétricos. As baterias recondicionadas são utilizadas em sistemas de armazenamento de energia estacionários de fontes de geração solar, estendendo o seu tempo de vida útil por aproximadamente dez anos.
Os quatro estudos geraram impactos positivos à CPFL, ao mercado de veículos elétricos, à sociedade e ao meio ambiente. Com a eletrificação da frota de Indaiatuba, a empresa diminuiu as suas emissões diretas (Escopo 1) de GEE e os custos relacionados à aquisição de combustíveis fósseis. Com a Plataforma de Mobilidade e o Eletroposto Sustentável, os moradores de Campinas que já possuem veículos movidos a eletricidade ganharam infraestrutura pública de recarga e uma solução de pagamento, impulsionando o uso desses modelos, que reduzem as emissões de carbono e de outros poluentes e a poluição sonora no município. Já o projeto Segunda Vida conseguiu estender o ciclo de vida das baterias de íons-lítio, minério cujo processo de extração é intensivo em água e que, quando descartado incorretamente, pode contaminar o solo e a água e afetar a biodiversidade e a saúde humana, além de contribuir para reduzir a intermitência e melhorar a previsibilidade no fornecimento de energia solar.

Relevância para o Negócio:

Esses e outros resultados também deverão contribuir para a formulação de regulamentações e de políticas públicas relacionadas, que poderão alavancar a comercialização de veículos elétricos e acelerar a migração do país para uma economia de baixo carbono. Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), 51,3 mil veículos eletrificados leves (100% elétricos e híbridos) foram emplacados no Brasil de janeiro a abril de 2024, número 162% mais alto que o registrado no mesmo período do ano anterior. Nos primeiros quatro meses de 2024, foram emplacados 691,4 mil automóveis e comerciais leves no Brasil, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) – cerca de 7% desse total era de elétricos. Além do aumento da demanda, os dados evidenciam o quanto o mercado de eletrificados ainda tem espaço para crescer no Brasil. Segundo a ABVE, havia 271,7 mil veículos elétricos leves em circulação no país em abril deste ano.
Nos quatro projetos de P&D com foco em mobilidade elétrica, foram aportados, desde 2019, o equivalente a R$ 65 milhões. Apenas em 2023, foram direcionados mais de R$ 13 milhões, valor que correspondeu a 24% do investimento anual em P&D da companhia. As iniciativas são exemplos de projetos estruturantes de inovação (um dos eixos do modelo de inovação em vigor na empresa), cujos resultados e aprendizados permitem à CPFL se antecipar a tendências futuras do setor e participar ativamente para a sua transformação. Pode-se afirmar, portanto, que os projetos estão ligados e têm o potencial de influenciar os objetivos estratégicos do negócio e seus resultados podem representar novas avenidas de crescimento para a companhia e viabilizar a atuação em novas frentes.
Trata-se também de uma temática diretamente relacionada a um dos tópicos prioritários da estratégia ESG da companhia – Mudanças climáticas e descarbonização. Mesmo detendo um modelo de negócios com perfil de baixas emissões, a CPFL entende a importância de se comprometer e colaborar com este que é o maior desafio da atualidade, com consequências já sendo vivenciadas no Brasil e no mundo, a exemplo das recentes inundações que colocaram o Rio Grande do Sul em situação de calamidade. Segundo estudo da organização World Weather Attribution (WWA), as mudanças climáticas aumentaram em mais de duas vezes a probabilidade de o evento extremo acontecer e de 6% a 9% a sua intensidade.
Um dos compromissos do Plano ESG 2030 prevê que a companhia alcance, ao menos, 15% de eletrificação em sua na frota técnica operacional das distribuidoras dos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, o que equivalerá a cerca de 60 caminhões com cestos aéreos de 10 a 13 metros. A aposta na mobilidade elétrica também ajudará a CPFL a cumprir outra meta ESG 2030: reduzir 56% das emissões de carbono dos escopos 1, 2 e 3, tendo como base as emissões de 2021. As emissões do Escopo 1 (diretas) são as resultantes das operações das próprias empresas, as do Escopo 2 (indiretas) são aquelas ligadas à aquisição de energia elétrica para uso das próprias organizações e as do Escopo 3 (outras emissões indiretas) são relativas à cadeia de valor das empresas e incluem as emissões relacionadas à aquisição de matérias-primas, às viagens de negócios, ao deslocamento de colaboradores, ao descarte de resíduos, à distribuição de produtos, entre outras categorias.

Aspectos Inovadores Relacionados a Prática:

O projeto de eletrificação da frota de Indaiatuba foi realizado de acordo com o conceito de Living Lab (Laboratório Vivo, na tradução para o português), envolvendo e beneficiando a cidade, seus moradores e os consumidores da CPFL Piratininga – uma das quatro empresas de distribuição da companhia. A frota elétrica é formada por 21 veículos, sendo 12 veículos leves, sete caminhões de médio porte e dois caminhões de porte grande, estes últimos levam guindastes com cestos de 10 a 13 metros para a elevação dos eletricistas até as redes de energia aéreas. Também foram instalados 16 sistemas de recarga na base operacional da CPFL. Nos caminhões, foi necessário desenvolver adaptações nos implementos e em outros componentes de suporte às atividades técnicas, como o componente responsável pelo acionamento dos cestos aéreos.
O Living Lab ganhou uma proporção ainda maior no estudo Plataforma de Mobilidade ao estruturar um ecossistema de eletropostos e de soluções tecnológicas complementares: um algoritmo que cruza informações socioeconômicas, de extensão da rede elétrica e de trânsito da região metropolitana de Campinas e indica os locais mais estratégicos para a instalação de um eletroposto; o aplicativo para a operação do eletroposto e o pagamento digital das recargas; e um sistema que realiza a gestão inteligente e integrada dos recursos energéticos envolvidos (geradores, placas solares, sistemas de armazenamento de energia com baterias e os próprios eletropostos) para garantir o uso mais eficiente de energia.
A plataforma também envolveu diferentes públicos, justamente para testar a viabilidade da eletrificação em modelos de negócio distintos: motoristas de aplicativo, uma empresa de logística que faz a entrega de mercadorias em rotas urbanas, rodoviárias e mistas, outra empresa que adotou os veículos para uso administrativo de seus colaboradores e os moradores de Campinas e entorno que possuem veículos abastecidos por eletricidade e passaram a utilizar as estações de carregamento e o aplicativo de recarga. Fora do escopo do projeto, a CPFL também adquiriu cinco veículos elétricos para uso administrativo e vem participando e se beneficiando do ecossistema criado pela Plataforma de Mobilidade.
O projeto Segunda Vida, que viabiliza a circularidade das baterias de íons-lítio, foi dividido em duas grandes frentes. A primeira abrangeu um minucioso processo de desmontagem das células que compõem a bateria, seguido de uma avaliação da qualidade de cada célula para a posterior seleção, por meio de uma metodologia exclusiva desenvolvida pelos pesquisadores envolvidos no projeto, daquelas em melhor condição que podem ser agrupadas e dar origem a uma bateria recondicionada. Na outra frente, foi concebido o sistema estacionário de armazenamento de energia propriamente dito, que funciona com a bateria de segunda vida. Instalado no Laboratório de Redes Elétricas e Inteligentes (LabREI), no campus da Unicamp, o sistema armazena a energia produzida durante o dia pelas placas fotovoltaicas existentes no laboratório e a envia à rede elétrica na qual está conectado. Um sistema de armazenamento similar também foi testado com uma empresa parceira.

Contribuição da Prática para o Desempenho da Empresa:

A CPFL Energia mantém a sustentabilidade no cerne de sua estratégia e busca aliar o crescimento dos negócios à geração de valor compartilhado com a sociedade e o meio ambiente. Atenta às tendências e transformações do setor elétrico no Brasil e no mundo, a companhia se comprometeu a impulsionar a transição para uma forma mais sustentável, segura e inteligente de fornecer e de utilizar energia. A inovação, por sua vez, também é elemento intrínseco à estratégia e auxilia a companhia a maximizar os seus impactos positivos.
A CPFL encerrou 2023 com 99,63% do volume de energia gerado proveniente de fontes renováveis – usinas hidrelétricas e de biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), complexos eólicos e planta solar. Indo além de sua própria operação, a companhia também vem atuando em prol da mobilidade elétrica, compreendendo a descarbonização do setor de transportes como componente fundamental para o enfrentamento das mudanças climáticas. Ainda que as atividades com maior participação nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil sejam as relacionadas às mudanças de uso da terra e florestas (em linhas gerais, desmatamento) e à agropecuária, a categoria transportes, que abrange os modais rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo, não deve ser desconsiderada. Sozinha, ela representou 9,3% do total de emissões do país em 2022, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima. Ao todo, 2,3 bilhões de toneladas de CO2e foram emitidas no território brasileiro em 2022, das quais 216,9 milhões eram provenientes das atividades de transportes. De 2021 para 2022, as emissões decorrentes dos transportes cresceram cerca de 6%. A descarbonização no setor enfrenta, no entanto, alguns desafios: não basta apenas impulsionar a comercialização de veículos elétricos, é preciso investir em infraestrutura adequada – instalação de pontos de recarga nas cidades e rodovias seguros e em quantidade suficiente –, e no desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores especializada para realizar a manutenção desses modelos no pós-venda. Outro desafio está ligado aos impactos ambientais das baterias de íons-lítio dos veículos elétricos, desde a extração do minério até o descarte na etapa pós-consumo.
A mobilidade elétrica é um dos temas considerados no Plano ESG 2030 da CPFL, conjunto de metas ambientais, sociais e de governança lançado em 2022, e no roadmap tecnológico, que engloba 11 tendências que impactarão o setor elétrico nos próximos anos e direciona as tomadas de decisão em inovação na companhia. O assunto é alvo de estudos na CPFL há quase duas décadas, atestando o pioneirismo da companhia nessa frente, e ganhou ainda mais força após a divulgação, em novembro de 2018, da Chamada de Projetos de P&D Estratégico nº 22, do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desenhada exclusivamente para fomentar o desenvolvimento de soluções em mobilidade elétrica no país. Como estabelecido pela lei nº 9.991/2000, o programa da Aneel estipula que as empresas de geração, transmissão e distribuição aportem, anualmente, um percentual mínimo de suas receitas operacionais líquidas em projetos de inovação. Inspirados pela chamada pública, a CPFL estruturou quatro iniciativas de P&D voltadas à eletrificação, que começaram a ser implementadas em 2019.
O primeiro projeto deu origem ao “Laboratório de Mobilidade Elétrica: Eletrificação de Frotas Operacionais”, na cidade de Indaiatuba (SP), criado para testar a aplicabilidade do uso de veículos elétricos na operação de uma distribuidora de energia, que atende diferentes demandas dos consumidores das zonas urbana e rural. Houve a eletrificação de 100% da frota da unidade, um total de 21 veículos, dos quais nove eram veículos pesados.
No segundo, a CPFL idealizou um ecossistema batizado de Plataforma de Mobilidade, que busca aprimorar a infraestrutura voltada à mobilidade elétrica nas cidades e verificar como diversos modelos de negócio podem ser impactados pela eletrificação e como ela pode suscitar a estruturação de novos modelos de negócio. Foram instalados nove eletropostos em Campinas (SP), que entraram em operação em 2023, e adquiridos e disponibilizados a motoristas de aplicativo e a duas empresas parceiras mais de 50 veículos elétricos. Em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), também foram desenvolvidos uma plataforma analítica, que registra e monitora os diferentes dados gerados pelo ecossistema, e um aplicativo para a operação dos eletropostos e o pagamento digital das recargas. Já a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atuou no desenvolvimento de dois algoritmos. O primeiro cruza informações socioeconômicas, de extensão da rede elétrica e de trânsito para indicar as regiões mais adequadas para a instalação dos eletropostos; o segundo foi concebido para realizar a gestão inteligente dos recursos energéticos que podem fazer parte de uma estação de recarga (geradores, placas solares, sistemas de armazenamento de energia com baterias e os próprios eletropostos), visando a otimização do uso de energia.
No terceiro projeto, também em Campinas, foi desenvolvido e instalado um Eletroposto Sustentável. Painéis fotovoltaicos e um sistema de armazenamento de energia com baterias garantem a energia necessária para o carregamento rápido dos veículos, reduzindo, assim, o impacto do eletroposto na rede elétrica, e promovendo o uso de energia renovável para transportes.
A quarta e última iniciativa, também em parceria com o CPQD, recebeu o nome de Segunda Vida de Baterias e consistiu em um estudo de viabilidade do recondicionamento e remanufatura de baterias provenientes de veículos elétricos. As baterias recondicionadas são utilizadas em sistemas de armazenamento de energia estacionários de fontes de geração solar, estendendo o seu tempo de vida útil por aproximadamente dez anos.
Os quatro estudos geraram impactos positivos à CPFL, ao mercado de veículos elétricos, à sociedade e ao meio ambiente. Com a eletrificação da frota de Indaiatuba, a empresa diminuiu as suas emissões diretas (Escopo 1) de GEE e os custos relacionados à aquisição de combustíveis fósseis. Com a Plataforma de Mobilidade e o Eletroposto Sustentável, os moradores de Campinas que já possuem veículos movidos a eletricidade ganharam infraestrutura pública de recarga e uma solução de pagamento, impulsionando o uso desses modelos, que reduzem as emissões de carbono e de outros poluentes e a poluição sonora no município. Já o projeto Segunda Vida conseguiu estender o ciclo de vida das baterias de íons-lítio, minério cujo processo de extração é intensivo em água e que, quando descartado incorretamente, pode contaminar o solo e a água e afetar a biodiversidade e a saúde humana, além de contribuir para reduzir a intermitência e melhorar a previsibilidade no fornecimento de energia solar.

Resultados Sociais e Ambientais Obtidos com a Prática:

A frota eletrificada da CPFL em Indaiatuba já evitou a emissão de mais de 250 toneladas de CO2e entre maio de 2021 e dezembro de 2023. Outro ganho se refere à diminuição da poluição sonora (especialmente no período noturno) e do ar.
O município de Campinas, escolhido para receber a Plataforma de Mobilidade e o Eletroposto Sustentável, também está se beneficiando com a infraestrutura disponibilizada gratuitamente pela CPFL, o que pode incentivar cada vez mais pessoas e empresas a migrar dos veículos a combustão para os modelos eletrificados. Em média, os eletropostos registram 30 recargas/dia e um consumo mensal de energia de 45 kWh. O aplicativo para o pagamento digital das recargas acumula cerca de 200 downloads por mês e, atualmente, conta com mais de duas mil pessoas cadastradas. Vale lembrar que o número de veículos elétricos que fazem parte do projeto é de aproximadamente 50, um indicativo de que a parcela da população local que já dirige modelos elétricos está usufruindo da infraestrutura implementada. A empresa de logística que recebeu sete carros elétricos no âmbito do estudo também validou a viabilidade operacional e financeira de seu uso, tanto que, por conta própria, adquiriu novas unidades eletrificadas para incorporar à sua frota e hoje emprega quase 300 veículos elétricos em sua operação. A circulação dos veículos do projeto contribui igualmente para a redução de emissões de GEE, de outros poluentes e do nível de ruído na cidade.
A Plataforma de Mobilidade ainda conta com um pilar de educação. Em conjunto com a Unicamp, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e representantes do poder público, a CPFL desenvolveu cursos de extensão sobre modelos de negócio e mobilidade elétrica, incluindo módulos de gestão, para que os participantes possam compreender que critérios devem ser considerados na hora de optar pela eletrificação, módulos técnico-operacionais relacionados à manutenção dos veículos e à implementação de estações de recarga e um módulo normativo, com as regulamentações e políticas públicas acerca do tema no Brasil e no mundo. Os cursos contribuirão para ampliar o conhecimento da sociedade sobre os veículos eletrificados e para formar mão de obra especializada, que ainda é pouco expressiva no Brasil. Cerca de 150 pessoas já concluíram a formação oferecida pela Unicamp e mais de 100 pessoas realizaram o curso virtual disponibilizado pelo Senai. Em breve, o Senai lançará também a versão presencial do curso.
A iniciativa Segunda Vida avaliou mais de 500 baterias de íons-lítio durante a etapa piloto, e os testes comprovaram a viabilidade técnica e de segurança de se empregar modelos de segunda vida em sistemas de armazenamento de energia. Além de ampliar a vida útil das baterias por dez anos adicionais – em média, em um carro elétrico, a durabilidade é de seis a oito anos – e reduzir, consequentemente, a extração de recursos naturais para a fabricação de novas baterias, o uso desses sistemas de armazenamento ajudam a reduzir a intermitência de usinas fotovoltaicas e complexos eólicos e colaboram para a estabilidade da rede elétrica.

Gestão da Prática Relatada:

Os projetos de P&D com foco em mobilidade elétrica são desenvolvidos pela área de Inovação, vinculada à Vice-Presidência de Estratégia, Inovação e Excelência de Negócio e atualmente formada por mais de 20 profissionais. Os projetos também contam com alguns executivos como sponsors, que monitoram o seu desenvolvimento e participam das tomadas de decisão relacionadas.
O Comitê de Inovação, composto por executivos da CPFL Energia e representantes da State Grid (acionista controladora), acompanha, em encontros trimestrais, o avanço de todos os projetos de inovação em andamento, incluindo os ligados à mobilidade elétrica. As iniciativas também são reportadas aos membros do Comitê de Estratégia, Crescimento, Inovação e ESG, que assessora e realiza reportes mensais ao Conselho de Administração.
Há, ainda, o envolvimento e a colaboração das mais diversas áreas administrativas e operacionais da CPFL, a exemplo dos times de Frotas, Novos Negócios, Engenharia, Sustentabilidade, Contabilidade e da CPFL Soluções.

Possibilidade de Disseminação ou Replicação:

O projeto Segunda Vida de Baterias se encerrou no fim de 2023 e as outras três iniciativas serão finalizadas em dezembro de 2024, em linha com o estabelecido pela Chamada Pública nº 22 do Programa de P&D da Aneel. Seus resultados serão apresentados à agência reguladora e devem subsidiar a formulação de regulamentações pertinentes e de políticas públicas de fomento à mobilidade elétrica no Brasil.
A frota eletrificada de Indaiatuba continuará em operação e, para cumprir o estabelecido em seu Plano ESG 2030, a CPFL centrará esforços para avançar na eletrificação de 15% de sua frota pesada das distribuidoras dos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, o que corresponderá a cerca de 60 caminhões com cestos aéreos de 10 a 13 metros. Lembrando que a eletrificação não envolve apenas a aquisição dos veículos, é necessário adaptar os implementos dos caminhões e outros componentes, instalar as estações de recarga inteligente nas bases operacionais e fomentar o desenvolvimento de fornecedores especializados para realizar a manutenção adequada desses modelos, cuja oferta ainda é baixa no país.
Além dos eletropostos instalados em Campinas, que ficarão como legado à cidade, a expectativa é que também o aplicativo de pagamento digital desenvolvido como parte da Plataforma de Mobilidade continue em operação, incorporando melhorias periodicamente.
No projeto Segunda Vida de Baterias, espera-se que o estudo possa impulsionar o debate público sobre o recondicionamento de baterias de íons-lítio e acelerar a elaboração de uma norma regulamentadora sobre o seu uso.
De maneira geral, a CPFL Energia permanecerá comprometida com a agenda de mobilidade elétrica e atenta a outros possíveis desdobramentos dos quatro projetos e a outras oportunidades relacionadas ao tema, buscando sempre gerar valor para o negócio, sem deixar de considerar o seu compromisso com as pessoas e o planeta.