AGROBIOLOGICA SUSTENTABILIDADE S A
No mercado de insumos agrícolas, a adoção em escala de insumos biológicos, não-tóxicos, são um caminho para darmos passos mais largos rumo a uma agricultura regenerativa de escala, mitigando impactos da atividade sobre Mudanças Climáticas e sobre a biodiversidade. A adoção de práticas sustentáveis é uma necessidade no agronegócio, setor altamente dependente de recursos naturais. Desta forma, a cadeia de valor do segmento deve identificar todas as oportunidades de inovar para melhorar seu desempenho socioambiental.
A gestão adequada de embalagens de agrotóxicos e outros insumos, por exemplo, é uma preocupação tão genuína quanto antiga, sendo pioneira em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos¹. O agronegócio brasileiro tem uma taxa de 93% de recuperação e reaproveitamento das embalagens plásticas primárias de defensivos agrícolas comercializados (químicos, biológicos etc), o que soma mais de 50 mil toneladas² de plástico reinseridas em ciclos produtivos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias – Inpev, entidade que organiza e congrega o Sistema Nacional do Campo Limpo.
Muito embora este seja um sistema eficiente e com bom resultado, mais que dar a destinação adequada, é necessário inovação e investimento para melhorar o impacto ambiental de embalagens desde a sua fabricação, reduzindo as emissões no processo produtivo e gerando menos resíduo plástico em termos de massa.
Engajada neste propósito, a Agrobiológica Sustentabilidade, pioneira na fabricação de insumos biológicos no País, desenvolveu o projeto Bag-in-Box de packaging sustentável, como parte da execução da estratégia climática e de sustentabilidade da companhia. O objetivo foi substituir as bombonas de polietileno de alta densidade (PEAD), tradicionalmente usadas por toda a indústria para envasar defensivos líquidos, por embalagens cartonadas com leves bolsas plásticas no interior, reduzindo significativamente as emissões GEE e o volume de plástico consumido na fabricação, e consequentemente descartado a cada safra.
Um piloto foi realizado entre 2022 e 2024. As primeiras etapas consistiram em aprimorar o modelo de vasilhame a ser adotado e redesenhar todo o processo de envase e gestão da qualidade, incluindo a aprovação do uso do modelo no registro de cada produto Agrobiológica junto ao Ibama. Em 2024, após a realização de testes em campo, para verificar a performance do produto e a adesão pelo produtor rural habituado às antigas bombonas, o piloto foi concluído. Os principais ganhos ambientais foram, então, calculados, para que a nova embalagem comece a integrar o processo produtivo na safra 24/25. A completa substituição de bombonas plásticas pelo bag-in-box traz:
• Uma redução média de 39% no balanço de emissões relativas ao consumo de embalagens/ano pela Agrobiológica, uma combinação de menos 72% das emissões de CO2 associadas à fabricação das embalagens e menos 59% das emissões no transporte inbound, na compra destas embalagens.
• Redução média de 68% na massa dos resíduos gerados a serem transportados para descarte no sistema InPev.
• Redução de 80% da área de estoque de embalagem pré-envase e pós consumo.
Outros benefícios ambientais e sociais estão sendo qualificados e mensurados. A substituição da embalagem requereu a aquisição de maquinários que facilitarão muito o processo de envase, passando de um fluxo em etapas para um fluxo de produção contínuo, linear. Com a plena substituição, os benefícios adicionais poderão ser quantificados adequadamente.
Porém, em termos qualitativos, já podemos destacar³:
• Mais eficiência operacional, reduzindo tempo de produção e, consequentemente, consumo e custos com energia elétrica;
• Processo de gestão da qualidade mais preciso e rápido, pois o bag-in-box permite envase asséptico, garantindo mais segurança na integridade do produto, que contêm ativos vivos;
• Mais ergonomia para trabalhadores da fábrica e das fazendas de clientes: o modelo bag-in-box é bem mais leve (de 270gr a 404gr de acordo com o modelo), e está sendo adotado o recipiente com capacidade de 10 litros, em comparação aos 25 litros da bombona, que vazia pesa 1.300gr, o que torna mais simples toda a operação logística.
A relevância em adotar um novo modelo de embalagem traz inúmeros ganhos adicionais àqueles que contribuem para o bom desempenho socioambiental da companhia, sobretudo no tema de Mudanças Climáticas. Isso porque há um impacto positivo em toda a linha de produção, na gestão de custos, aumento de produtividade e da qualidade, na oferta ao cliente final. Além disso, imprime o compromisso com a sustentabilidade ambiental, com a inovação, e com a visão de futuro. Para melhor compreensão do projeto apresentado ao Prêmio Eco, porém, é preciso explicar o produto e o negócio de insumos biológicos da Agrobiológica.
Os defensivos biológicos formulados e industrializados são produtos agrícolas desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo com origem natural, como fungos e bactérias. São empregados como formas de controle de pragas e doenças no campo, prevenindo perdas nas lavouras. Trata-se de um manejo mais sustentável, pois causam menor impacto ao meio ambiente e apresentam resultados positivos em menos tempo. Além disso, tem um excelente custo-benefício para o produtor rural, ampliando sua eficiência operacional e rentabilidade.
A Agrobiológica Sustentabilidade é uma empresa pioneira, que pesquisa, desenvolve, fábrica e comercializa insumos agrícolas biológicos desde 2006. Em 2020, se associou ao Grupo Lavoro (4), recebendo aporte da gestora de fundos Pátria Investimentos, e desde então ampliou 800% seu negócio. Está entre as 10 maiores de seu segmento na cadeia do agronegócio.
Foi criada e segue com uma proposito de dar escala ao uso de defensivos biológicos pela agricultura tradicional, promovendo o manejo integrado de combate a pragas e doenças das lavouras brasileiras combinando produtos e métodos, reduzindo o uso de agrotóxicos químicos por alternativas inovadoras e não tóxicas. Seus produtos alcançam cerca de 10 milhões de hectares por ano em culturas de soja, milho, cana, algodão e outras.
Na Agrobiológica, o foco da inovação sempre esteve direcionado a aprimorar o portfólio da companhia, desenvolvendo linhas em prol de uma agricultura regenerativa de larga escala – hoje são 14 produtos registrados (5), como nematicidas, fungicidas, inseticidas e acaricidas biológicos de alta performance, além de fertilizantes orgânicos. São dois sites industriais em funcionamento, e um terceiro em fase de ramp up. Produz mais de 3,5 milhões de litros/ano, e com a ampliação da capacidade instalada poderá triplicar seu potencial produtivo.
Seguindo a premissa da melhoria contínua, buscamos ampliar as oportunidades de inovação na produção. Assim, a adoção do bag-in-box surge em 2022, a partir da pesquisa para adoção de uma nova forma de envase de produtos associado a um novo modelo de embalagem, para reduzir ainda mais o impacto ambiental do tratamento de cultivos, substituindo, de forma pioneira, as tradicionais bombonas de plástico tipo polietileno de alta densidade (PEAD) com 25 litros por outro modelo mais amigável ao meio ambiente desde a sua matéria prima.
Para viabilizar o projeto, foi necessário um investimento estimado em R$ 28 milhões, o que mostra sua relevância ao negócio. Os investimentos abarcam mapeamento de novos fornecedores, compra de maquinário, redesenho da linha de produção, treinamento dos funcionários, desenvolvimento colaborativo de novos processos de envase, de controle de qualidade, de packaging e de logística. As fases mais práticas do projeto piloto foram realizadas na unidade da Agrobiológica em Leme (SP), de julho 2023 a março 2024. O planejamento de implementação prevê substituir 50% das embalagens da produção prevista para o ano safra 24/25, cerca de 72 mil de unidades. Esperamos concluir 100% de substituição na safra seguinte, 2025/2026.
Um dos principais pontos de relevância para o negócio é a passagem de uma prática tradicional para outra mais sustentável sem custos adicionais. O projeto provocou, ainda, outras mudanças na linha de produção, o que está permitindo maior escalabilidade na capacidade produtiva geral de insumos biológicos formulados e no acesso a mercados, o que beneficia o negócio como um todo.
Do ponto de vista operacional, no processo tradicional, a produção e envase de bioinsumos é realizada em etapas, e os ativos vivos são inoculados nas bombonas manualmente, requerendo um intervalo de sete dias para conclusão do processo de multiplicação e estabilização desses ativos na concentração adequada de cada tipo de produto. Já na produção para envase bag-in-box isso ocorre de forma linear e automática, dentro de um biorreator, eliminando etapas manuais tanto no processamento como no controle da qualidade, e fechamento dos vasilhames.
Do ponto de vista comercial, a adoção de uma embalagem de menor volume (10 litros) pode ampliar maior penetração e segmentação de mercados para o produto, em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco, por exemplo. Isso ocorre por uma questão simples: para consumir um galão de 25 litros, é preciso que o produtor rural tenha uma propriedade mínima de 25 hectares. Os referidos mercados têm característica de varejo, concentram propriedades rurais bem menores, assim, a troca do vasilhame do produto dará acesso a muitos pequenos produtores e da agricultura familiar a insumos biológicos de alta tecnologia.
Concluímos que, por um apelo de sustentabilidade, um processo completo de inovação foi desencadeado.
O agronegócio brasileiro é conhecido tanto por desenvolver como por adotar novas tecnologias, sempre que elas representem de fato melhorias em campo e mais rentabilidade e eficiência. O uso de insumos biológicos no manejo exclusivo ou integrado de pragas há muito deixou o nicho dos orgânicos para se tornar uma realidade na agricultura de escala, chegando a 33% das áreas de soja, 50% dos campos de cana e 40% do milho safrinha cultivados no País (6).
A Agrobiológica é testemunha desse processo, a companhia cresceu 8 vezes seu faturamento desde 2020 e parte desse resultado se deve a intensa assistência técnica prestada por mais de 80 agrônomos especialistas. Eles atuam como consultores de cerca de 200 revendas agrícolas do canal de distribuição Lavoro para disseminar conhecimento em prol da adoção de fungicidas, inseticidas, nematicidas, acaricidas biológicos. Na safra 22/23 foram realizadas mais de 100 sessões de treinamento em diversos temas relacionados ao manejo biológico de pragas e doenças.
Entre os aspectos mais inovadores da formulação dos defensivos produzidos pela Agrobiológica, e que os diferencia de produtos de outras marcas, estão a tecnologia Bioshock® (efeito de choque biológico, com resultados começando a ser percebidos em 48 horas, protegendo a lavoura de perdas), a estabilidade e o shelf live ampliado. Mas a lista inclui ainda:
• Indicação para ampla gama de culturas, pois o registro está direcionado ao alvo, não à planta.
• Não requer refrigeração.
• Permite manejo integrado com outros produtos, incluindo químicos, sem perda de eficácia.
• Aplicação mais segura – pouca restrição de temperatura e umidade ambiente para pulverização que os tradicionais agrotóxicos.
• Manejo de resistência de pragas às moléculas químicas, reduzindo estresse abiótico (7).
• Conservação/melhoria microbiota do solo.
• Promove desenvolvimento radicular.
• Melhora stand plantas.
A Agrobiológica acrescenta, em 2024, ao seu rol de inovações em bioinsumos, a substituição de embalagens rígidas em PEAD por um novo modelo, o foco desde case agora apresentado ao Prêmio Eco. Na categoria de embalagem composta, o bag-in-box consiste na composição de uma embalagem externa associada a um recipiente interno formando um conjunto integrado: por fora uma caixa em papel cartão duplex (700 gr/m² de gramatura e 3mm espessura); por dentro, uma bolsa plástica de polietileno de baixa densidade, flexível, acoplada a um bocal com tampa em EVA.
O bag-in-box é amplamente utilizado na indústria de alimentos e bebidas, no Brasil e mundo afora. A bolsa flexível é própria para acondicionamento de líquidos, substitui embalagens rígidas em geral – plásticos, vidros, latas – e torna o processo de envase, armazenagem, transporte e uso mais confortável e seguro para envolvidos em toda a cadeia, por se tratar de uma embalagem mais leve e inquebrável. Além disso, este tipo de recipiente não só permite como requer envase asséptico, o que dá uma contribuição significativa no aspecto sanitário, de segurança, integridade e qualidade dos produtos.
No setor de biodefensivos, bag-in-box é uma novidade. Para a seleção do modelo exato a ser adotado, foram realizadas customizações no recipiente em parceria com a empresa fornecedora, cujos técnicos visitaram a fábrica para conhecer o processo produtivo e o jeito de trabalhar do time da Agrobiológica. Várias composições do plástico e das tampas foram testadas (versão translúcida, leitosa ou transparente, por exemplo), visando segurança de manuseio, proteção do bioinsumo, validação de amostras, aceitação pelo cliente em provas de conceito.
A prevenção de contaminações foi fator essencial na decisão da adoção do modelo bag-in-box, pois insumos agrícolas biológicos possuem ingredientes ativos vivos, que tem como base inimigos naturais das plantas a partir da biodiversidade, multiplicados cuidadosamente em laboratórios estéreis. Os testes em fábrica e em campo mostraram outro aspecto inovador: a nova embalagem incrementa a eficácia dos bioinsumos, pois ajuda a reduzir a formação de massa micelial, deixando o líquido mais homogêneo, evitando também entupimentos nos bicos de aplicação. Também elimina a exposição do produto à luminosidade, devido a camada da caixa, isso contribui para a preservação do microrganismo.
A adoção da embalagem bag-in-box é uma iniciativa que vai trazer ganhos econômicos, operacionais e ambientais expressivos para a Agrobiológica, de forma direta. Também vai trazer ganhos reputacionais e de marketing, face a ampliação da demanda da sociedade como um todo e dos mercados internacionais por um melhor desempenho socioambiental no agronegócio, sobretudo na cadeia de commodities. A melhoria geral do desempenho socioambiental no core business também melhora a avaliação ESG da empresa diante de seus interlocutores financeiros e de seus acionistas, tornando a empresa mais segura e atraente a investimentos.
No mercado de insumos agrícolas, a adoção em escala de insumos biológicos, não-tóxicos, são um caminho para darmos passos mais largos rumo a uma agricultura regenerativa de escala, mitigando impactos da atividade sobre Mudanças Climáticas e sobre a biodiversidade. A adoção de práticas sustentáveis é uma necessidade no agronegócio, setor altamente dependente de recursos naturais. Desta forma, a cadeia de valor do segmento deve identificar todas as oportunidades de inovar para melhorar seu desempenho socioambiental.
A gestão adequada de embalagens de agrotóxicos e outros insumos, por exemplo, é uma preocupação tão genuína quanto antiga, sendo pioneira em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos¹. O agronegócio brasileiro tem uma taxa de 93% de recuperação e reaproveitamento das embalagens plásticas primárias de defensivos agrícolas comercializados (químicos, biológicos etc), o que soma mais de 50 mil toneladas² de plástico reinseridas em ciclos produtivos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias – Inpev, entidade que organiza e congrega o Sistema Nacional do Campo Limpo.
Muito embora este seja um sistema eficiente e com bom resultado, mais que dar a destinação adequada, é necessário inovação e investimento para melhorar o impacto ambiental de embalagens desde a sua fabricação, reduzindo as emissões no processo produtivo e gerando menos resíduo plástico em termos de massa.
Engajada neste propósito, a Agrobiológica Sustentabilidade, pioneira na fabricação de insumos biológicos no País, desenvolveu o projeto Bag-in-Box de packaging sustentável, como parte da execução da estratégia climática e de sustentabilidade da companhia. O objetivo foi substituir as bombonas de polietileno de alta densidade (PEAD), tradicionalmente usadas por toda a indústria para envasar defensivos líquidos, por embalagens cartonadas com leves bolsas plásticas no interior, reduzindo significativamente as emissões GEE e o volume de plástico consumido na fabricação, e consequentemente descartado a cada safra.
Um piloto foi realizado entre 2022 e 2024. As primeiras etapas consistiram em aprimorar o modelo de vasilhame a ser adotado e redesenhar todo o processo de envase e gestão da qualidade, incluindo a aprovação do uso do modelo no registro de cada produto Agrobiológica junto ao Ibama. Em 2024, após a realização de testes em campo, para verificar a performance do produto e a adesão pelo produtor rural habituado às antigas bombonas, o piloto foi concluído. Os principais ganhos ambientais foram, então, calculados, para que a nova embalagem comece a integrar o processo produtivo na safra 24/25. A completa substituição de bombonas plásticas pelo bag-in-box traz:
• Uma redução média de 39% no balanço de emissões relativas ao consumo de embalagens/ano pela Agrobiológica, uma combinação de menos 72% das emissões de CO2 associadas à fabricação das embalagens e menos 59% das emissões no transporte inbound, na compra destas embalagens.
• Redução média de 68% na massa dos resíduos gerados a serem transportados para descarte no sistema InPev.
• Redução de 80% da área de estoque de embalagem pré-envase e pós consumo.
Outros benefícios ambientais e sociais estão sendo qualificados e mensurados. A substituição da embalagem requereu a aquisição de maquinários que facilitarão muito o processo de envase, passando de um fluxo em etapas para um fluxo de produção contínuo, linear. Com a plena substituição, os benefícios adicionais poderão ser quantificados adequadamente.
Porém, em termos qualitativos, já podemos destacar³:
• Mais eficiência operacional, reduzindo tempo de produção e, consequentemente, consumo e custos com energia elétrica;
• Processo de gestão da qualidade mais preciso e rápido, pois o bag-in-box permite envase asséptico, garantindo mais segurança na integridade do produto, que contêm ativos vivos;
• Mais ergonomia para trabalhadores da fábrica e das fazendas de clientes: o modelo bag-in-box é bem mais leve (de 270gr a 404gr de acordo com o modelo), e está sendo adotado o recipiente com capacidade de 10 litros, em comparação aos 25 litros da bombona, que vazia pesa 1.300gr, o que torna mais simples toda a operação logística.
Entre os muitos benefícios de se substituir a bombona plástica PEAD tradicional por uma alternativa com melhor desempenho ambiental, se destaca a redução de emissões de CO2eq/L relativos à produção da embalagem e ao transporte inbound da compra desses vasilhames. O projeto de packaging sustentável está em linha com o cumprimento de três metas ESG corporativas e transversais do Grupo Lavoro, como i) Ampliar oferta de Portfólio de marca própria com menor impacto ambiental ii) mapeamento de oportunidades de redução de emissões dos escopos 1, 2 e 3; iii) Redução de impacto ambiental a partir de estratégia de packaging marca própria e Logística Reversa (9).
O principal resultado do projeto Bag-in-box de packaging sustentável está no campo da mitigação em mudança climática. Em estudo de balanço de emissões realizado por empresa especializada durante o piloto de implementação, a redução geral das emissões para aquisição de embalagens, essencial ao processo produtivo, é de 39%. Considerada a produção da bombona comparada ao bag-in-box, a redução é de 72% CO2eq/L, e no transporte inbound, há uma queda de 59% das emissões de CO2eq/L (10) . No transporte outbound, entre a fábrica e o centro de distribuição, também há uma queda, de 2%.
Tipificação das embalagens vazias:
Bombonas 25L PEAD: 1.300gr | 100% plástico | 0,164 kgCO2eq/L
Bag-in-Box 10L: 270gr | 22% plástico e 78% papelão| 0,046 kgCO2eq/L
Com a substituição total do modelo de vasilhame, a partir da safra 25/26, a Agrobiológica deixará de usar cerca de 140 mil bombonas plásticas, considerando a produtividade atual. Em consequência, reduzirá a massa total de resíduos pós-consumo gerados a apenas 31% do volume atual, ou uma queda de 69%. Essa redução tem consequências positivas para o processo de descarte, como otimização considerável do transporte de embalagens vazias pelo produtor rural até as centrais de recolhimento de embalagens.
Ganhos ambientais adicionais foram identificados e poderão ser quantificados graças à otimização do processo produtivo provocada pela troca de modelo de embalagem – na nova linha de produção a capacidade produtiva mais que triplica. Então, como a produção será muito mais rápida, uma redução proporcional de energia é estimada. Considerando o volume de produção de referência neste estudo, o novo método de envase reduz a 1/3 do consumo de energia – atualmente são necessárias 16h de consumo de energia para envasar 10 mil litros de bioinsumos, na passagem para o bag-in-box serão necessárias 5h de consumo de energia para produzir e envasar a mesma quantidade.
No que tange à redução de impacto ambiental de resíduos, o volume para descarte dos embalagens pós-aplicação é 69% menor, uma redução considerável não somente em massa como em espaço de armazenagem na fazenda e no transporte até a entrega no posto de recolhimento, pois os boxes podem ser dobrados. Isso diminui, consequentemente, o número de viagens necessárias para logística reversa, representando também queda no consumo de combustível fóssil nesta etapa. No destino final, os sacos plásticos são incinerados e as caixa recicladas.
O design inteligente traz um ganho no aspecto social, em saúde e segurança do trabalhador na fabricação e no uso do produto, a partir de uma melhor ergonomia. É muito mais amigável ao operador de fábrica ou trabalhador de fazenda manusear uma embalagem de 10 litros que uma de 25 litros. Este benefício se estende na cadeia, da linha de produção, passando pelos estoques, processos carga e descarga no centro de distribuição, nas revendas e na fazenda, manuseio para a aplicação e manuseio para descarte. Outro ganho ergonômico se dá pelo fechamento automático da tampa do bag-in-box. No processo tradicional com inoculação nas bombonas, cada frasco é aberto e fechado manualmente por um operador, num movimento repetitivo de torção dos punhos.
Outro benefício social gerado pela simples troca de embalagem é o acesso para pequenos produtores rurais e familiares a um produto biológico de alta tecnologia, permitindo seu uso em lavouras de pequena escala, sítios e etc. O rendimento do defensivo biológico é de 1 litro por hectare (10 mil metros quadrados), em média, e o padrão de mercado é a bombona de 25l. Disponibilizar os insumos em embalagem menor vai permitir que o pequeno agricultor opte pelo biológico, substituindo agrotóxicos, por uma questão de volume e custo, no tratamento de cultivos em propriedades de tamanho inferior a 25 hectares. Assim, esperamos beneficiar famílias agricultoras que hoje não tem acesso a insumos biológicos nos mercados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco, entre outros.
O projeto de packaging sustentável contou com suporte e participação dos diversos níveis de liderança da Agrobiológica e da holding que a administra, desde a etapa de desenvolvimento da ideia, passando pelas etapas de seleção de modelo, fornecedores, aprovação do investimento em maquinário e da mudança do layout de produção até o acompanhamento dos feedbacks dos testes em campo. Como toda inovação significativa, considerando o impacto no negócio, este acompanhamento é essencial, sobretudo por que a mudança do modelo de embalagem por uma mais sustentável está inserida num contexto maior de expansão fabril e comercial, que inclui outros investimentos como a compra de um site industrial, construção de um centro de distribuição, laboratório de Pesquisa e inovação e um centro de distribuição.
Entre as lideranças diretamente envolvidas estão o CEO e diretor de operações da Agrobiológica, CEO e diretor de planejamento da holding CropCare, à qual a empresa está vinculada e que faz a gestão de aportes de investimento e a gerência de sustentabilidade. O sucesso do projeto foi vinculado como metas de desempenho dos executivos da Agrobiológica e da holding, não somente dos funcionários operacionais envolvidos na condução direta do processo – times de operações, pesquisa e desenvolvimento, RH, desenvolvimento de mercado e comercial. Para garantir o melhor desenvolvimento e implementação, foram adotadas reuniões semanais para acompanhamento de projeto, e quinzenais para status com a liderança.
A etapa piloto para implementação do bag-in-box na linha de produção foi prova de conceito para definir este como packaging modelo para todos os novos produtos a serem desenvolvidos, além da linha atualmente disponível para o mercado. Doze novos produtos estão em diferentes estágios de desenvolvimento, e devem ser lançados até 2030, voltados a diferentes mercados, e vão replicar a nova embalagem.
A troca de um item tão tradicional como a embalagem é uma mudança sensível, por isso o projeto foi cuidadosamente desenvolvido ao longo de dois anos. A bombona PEAD de 25 litros é o principal padrão de embalagem para todos os insumos líquidos usados em uma fazenda, os processos habituais de armazenamento, manuseio e descarte já estão incorporados pelo produtor rural e seus trabalhadores. Por isso, os benefícios na usabilidade do produto a partir da mudança do vasilhame foram bem demonstrados nas etapas piloto, além do ganho ambiental direto para o fabricante e o meio ambiente. A empresa testemunhou uma boa aceitação, tendo comercializado 40 mil litros de produto no novo vasilhame – ou seja, não foram realizados testes pagos ou com produtos doados. Os clientes decidiram por adquirir o produto quando apresentados à nova embalagem. Não foram registradas reclamações, então a expectativa é de uma ótima aceitação pelo mercado.
O bag-in-box se adequa a todos os produtos da linha de insumos biológicos. Ao permitir grande escalabilidade da produção e envase, a empresa pode projetar expansão em share e em mercados novos e maiores, pois a capacidade industrial estará assegurada. Assim sendo, a continuidade está garantida, pois o projeto, além dos multiplos beneficios listados, não trouxe custos adicionais nem problemas de implementaçao. É parte de um processo a ser aplicado em longo prazo, visando sustentabilidade do negócio.
NOTAS:
(1) O tema de gestão de embalagens de agrotóxicos é previsto na Lei federal nº 9.974, de 2000.
(2) Em cumprimento à Lei transformadas em novas embalagens, conduítes, canos, caixas para baterias automotivas, por exemplo.
(3) Detalhamento será realizado nas seções a seguir, por tema.
(4) A empresa nasce Agrobiológica Soluções Naturais e, na evolução do negócio, cria adicionalmente a razão social Agrobiológica Sustentabilidade, fabricante de produtos biológicos formulados e industrializados para pronto uso. Recebeu aporte do Pátria Investimentos em 2020, a partir da associação com a Crop Care Holding, que integra o Grupo Lavoro (denominação pública da figura jurídica Lavoro Limited, registrada e listada na Security Exchange Comission – SEC/USA). No Grupo Lavoro, a holding Crop Care administra indústrias produtoras de insumos (são quatro), enquanto a holding Lavoro Agro administra o canal de distribuição, gerindo mais de 30 redes de revendas agrícolas locais que comercializam fertilizantes, sementes, defensivos químicos e biológicos, entre outros insumos para agricultura, atendendo produtores rurais de pequeno e médio porte majoritariamente.
(5) No Brasil, o registro para lançamento de novos insumos biológicos segue o mesmo processo e legislação para registro de agrotóxicos.
(6) Pesquisa Kynetec (2023), em: http://broadcast.com.br/cadernos/agro/?id=cG1SVGFuZ3dndnlhSUpINldPc2VmQT09
(7) Condição imprópria de ambiente ou condição nutricional e física inadequadas.
(8) Cálculo considera a mesma demanda por litros da safra 22/23 e funcionamento da fábrica em 2 turno de oito horas de trabalho, reduzindo de 360 dias para 112,5 dias o tempo necessário para produzir a mesma quantidade de produto.
(9) Metas publicadas no Relatório anual de Sustentabilidade 21-22: https://www.lavoroagro.com/wp-content/uploads/2023/01/Lavoro-Relatorio-de-Sustentabilidade-21-22.pdf
(10) Estudo realizado pela empresa especializada Future Carbon, em 2024, com fundamentada em dados secundários provenientes do banco de dados Ecoinvent versão3.10, calculados utilizando o software OpenLCA e dados de quantidade de aquisição das embalagens pela organização.